quinta-feira, novembro 27, 2008

Metamorfose sempre.



Metamorfose

Nuvens de chuva debruçam em rios:
Espelham matas ardem em chamas
Sobre a relva, réptil desliza:
De pedras de séculos – esquiva

A tarde avança, mansamente
O orvalho pousa /o mato intacto
Ao inseto, causa / objeto, impacto
O pássaro, estalo – fatal disparo

A tarde descompassa / Espreita voraz
A pausa, o bote / o golpe veloz
Gritos silenciam / o canto emudece
Ventos Norte / a morte carece / vermelho é a rosa
A terra cora – preguiçosamente

Terra em transe / absorve a chama
De cima – ave de rapina:
Arremesso à presa – indefesa
Alimenta o eco – ecossistema
A tarde finda / a trama
A insônia / a morte ronda
A lua é minguante
É a chama / é a dança, é o drama

Sobre a relva – o ventre
Sobre pedras/ metas / metamorfose
Sobre nuvens / entre nuvens / nuvens
Desertos formam – séculos e séculos repousam
Selva de pedra / a fauna degrada

A grana – mata, devora a mata, a flora, a fonte
Arrasa o m(ar), o solo, H2O
Desengano, alastra – sem dó – aflora a dor
Domina, corrompe / a chama consome:
Predador – bicho – homem
A fome – metamorfose – predominante?

Ademário Augusto
in Tempos e Territórios
(Antologia Literária de Diadema)
Diadema – SP -2004

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