terça-feira, maio 04, 2010

CONVERSA SOBRE PESQUISA (Alves e Garcia, 2002)

Sintetizar uma entrevista em texto é uma das práticas de que mais gosto. Deve este exercício propiciar uma adaptação, transformando assim um texto em entrevista e/ou uma entrevista em texto!

Opinar ou sugerir novos modos de ser como professor é uma tarefa difícil, a idéia central da entrevista/conversa dialoga com a recusa inicial de que uma professora, em suas tarefas diárias, poderia atuar como pesquisadora.
Os termos “compromisso” e “inconformismo” rimam entre si e provocam o questionamento sempre constante sobre o que fazer, quando surgem problemas, ou quando situações que ocorrem são produtivas. O que ocorreu? A questão leva ao ponto central da "conversa" que é a da postura investigativa daquele que se sente em compromisso com os alunos.
A mobilização quanto à postura investigativa é instigante e compõe uma prática pensada e não sugerida por algum teórico, como pensam muitos.
Uma citação muito bem colocada é a de Gramsci, na afirmativa de que “ todos os homens pensam, todos os homens são intelectuais porque pensam”, incluindo aí a deflagrada dicotomia de que na Universidade se pensa, na Escola se faz!
Apontam no diálogo instaurado que, as duas autoras são, uma filha da “supervisão”e a outra filha da “orientação educacional”que contribuíram para a desqualificação da professora e evitando assim um pensar sobre o fazer da sua própria prática pelo professor e consequentemente desaparecendo a memória coletiva sobre a pratica dos professores.
Quando um professor é pesquisador da sua própria prática, transforma cada acontecimento em uma situação de “pesquisa/aprendizagem”.
Uma visão de que o professor é uma pessoa culta e que imprime um valor à própria cultura são necessários e indispensáveis.
A importância de acesso aos meios culturais é importante, na medida em que o professor(a) é aquele que forma “redes de conhecimento”. É uma forma de reconhecer o professor como um sujeito capaz de interrogar a realidade em que vive.
Em prosseguimento, no texto, aparecem algumas questões que poderíamos todos tentar responder:
Quem pode ir a uma ópera, um ballet, ou concerto em algum teatro?
Quem tem dinheiro para ir ao teatro?
Quem vai a algum Museu?
Você poderá encontrar algum colega seu neste lugares?
Onde se encontram instalados os hábitos de fruição dos bens culturais?
Quantos pensam “isso não é para o meu bico?”
Estes pontos são direitos ou privilégios?
Os preços cobrados são altos? Não podem vestir roupas apropriadas?
Os comportamentos nestes lugares são inapropriados?
Simplificando e unindo o diálogo instaurado na entrevista segue mais uma questão:
O processo de pesquisa ou acesso aos bens culturais são ou não direitos?
Enfim, não há uma única cultura e nem uma só maneira de entrar em contato com ela e ampliar o universo cultural dos alunos não pode se reduzir a programas mínimos nem mesmo aos PCN’s.A entrevista defende assim uma ampliação das possibilidades de escolhas.
Em um certo momento da leitura, nos deparamos com mais uma questão_ afinal o que é cultura universal? E que em um evento (em que participaram) a grande parte dos palestrantes se referiam à cultura universal como: branca, ocidental, masculina, patriarcal e cristã.
Não podemos desqualificar a cultura das crianças com que trabalhamos na escola nem limitarmos o currículo à cultura dos nossos alunos.
Cultura é ópera e samba, é Machado de Assis e literatura de cordel, é ballet e Bumba-meu-boi, e o nosso aluno só irá compreender tendo acesso a esta amplidão cultural.
Neste ponto surgem alguns dizeres muito oportunos, que falam do ser humano que não é só cognitivo, o ser humano também é sensibilidade;Que as crianças vivenciem na escola situações que façam desabrochar esta sensibilidade e que esta sensibilidade faz também parte das vivências e formação de um professor.
Mais adiante é citado que uma sala de aula não é um espaço de semelhanças e sim de diversas lógicas: metodologia, avaliação, didática..
O rotular de “dificuldade de aprendizagem” por vezes escondem uma falta de sensibilidade do professor. Neste tentar compreender esta não aprendizagem as professoras mais sensíveis tomam uma postura “investigativa”, tornando-se assim pesquisadoras de suas próprias práticas. Nesta tentativa de compreensão do que acontece, ela torna as aulas mais criativas, com novas teorias explicativas interferindo assim no processo pedagógico.
Pesquisar, refletir, descobrir e criar, são os modos de teorizar em movimento.A escola é um espaço-tempo de pensamento e criação de conhecimentos.
O que se passa na escola é um processo cultural dentro de processos culturais múltiplos dentro de cada cultura múltipla de cada aluno.
Ë necessário ressaltar o processo de pesquisa existente em salas de aula ou em grupos de pesquisa, em cursos de formação, mas que sejam conscientes do professor – pesquisador que se é.
A pesquisa no cotidiano se faz com os sujeitos que nele participam com as suas diferenças, contradições etc.

Daí a necessidade de entendermos que no currículo concreto que existe, aparecem uma multiplicidade de conhecimentos que atuam nas práticas escolares trazidos por todos os sujeitos da escola.
Finalizando surgem mais questões mobilizadoras: o que é somar esforços? Como é dividir conhecimentos? E que quando você amplia seus conhecimentos, você mesmo estará em uma abertura para o mundo ligando-se aos itens da filosofia, da arte e cultura, sendo necessário romper a visão fragmentada das disciplinas e unir, religar e articular os conhecimentos dando-lhes um novo sentido.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

LinkWithin

Related Posts with Thumbnails