segunda-feira, outubro 29, 2007

Resenha PARTE II

A partir deste ponto o autor revela para os simples mortais, que a valorização da beleza atlética se efetuava via a cultura do elogiar. A marginalidade, não expressa, em um Beethoven ou Giotto se revela na ausência de função prática no cotidiano tanto quanto o esporte. Ou seja, não está o esporte ao alcance de todos, ou o esporte é marginal por estar ao alcance de todos, lançando assim uma confusão genial, para os que trabalham na perspectiva da Arte ou do Esporte.

Articula Norbert Elias e Foucault na ótica da submissão do corpo e Bourdieu em relação à distinção social a partir das modalidades de elite ou não, já que os eventos surgem impositivamente por meios financeiros.

Aponta o autor que nos Jogos Olímpicos de 1936 (documentado por filme que uniu o esporte e a tecnologia), o apelo de utilização do esporte como instrumento de manipulação política saiu como um “tiro pela culatra” e que na medida em que surgiu o inverso na identificação da opressão aos negros, esta inversão não constituiu por si um Elogio à beleza atlética, mas sim de uma espécie de instrumento da Crítica.

Surge neste ponto mais uma questão do autor em diálogo com seus leitores que é a instigante escolha de ser atleta, praticante esportivo ou torcedor? Seguida da resposta de que o seu livro versa nada mais nada menos do que sobre o prazer que o esporte gera em cada um de nós.

Exemplifica com Aristóteles em Retórica, que o gênero de escrita do Elogio não contém função específica, dando prosseguimento à questão da Beleza principalmente quando não se permite admitir que este fascínio possa ocorrer via esporte como mais um exemplo de apelo estético, como acontece nas outras formas de cultura ( a pintura, o teatro, a música, a literatura etc.).

Ilustra mais adiante nos expondo Kant, onde o Belo surge do juízo do gosto, como uma satisfação pura e desinteressada.Esta analogia filosófica agrada ou desagrada principalmente aos puristas, mas para Grumbrecht está formalizada com a intensidade de emoções sentida por ele, em vários momentos de concentração dos atletas.

Define o autor que o termo Esporte acontece como nas Artes Dramáticas, onde nada é fingimento, mas sim visível realidade. Participa sua preferência pelo termo arete já que este significa Excelência de qualquer tipo de movimento corporal, principalmente por nos permitir solidariedade com a dor e a tragédia de derrotas em competições justas, o que na atualidade pode até apontar para a vulgaridade de alguns torcedores ao explorar este acontecimento com desprezo.

Interessantíssimo se mostra o discurso do autor sobre a inutilidade das regras de um esporte no cotidiano das pessoas, embora sejamos conhecedores aprofundados de muitas destas regras, o que talvez indique que faz parte do esquecimento as outras regras sociais necessárias à convivência diária (este último dizer um grifo meu).

Com prazer desenrola o autor a ênfase da gestualidade dos atletas em comemorações ou derrotas, gestos estes que nos marcam por sua visível repetição.

A partir deste momento esclarece o autor, as descontinuidades da prática esportiva que foram influenciadas até por condições de esforço físico que em determinadas épocas eram necessárias à sobrevivência. Em fim, as condições dos que foram chamados atletas gregos, não eram acobertadas pelas mesmas estruturas de equipamentos, tecnologia, fisioterápicos entre os muitos que envolvem os atletas atuais. E que a maioria dos espectadores da Grécia antiga eram profundos conhecedores por causa da relação estreita com o seu cotidiano, daquelas árduas tarefas. Ser vencedor da competição era crucial, pois não havia prêmio consolação, apontando assim para a possibilidade de profissionalismo muito antes da idealização do amadorismo.Como os limites separavam os homens e os deuses, os vencedores eram intitulados de semi-deuses (o herói).

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