quarta-feira, outubro 14, 2009

Cap. IV por Jacques Defrance... III parte

No item denominado "Quelques enjeux culturels spécifiques", Jacques Defrance escreve sobre as ações que instituiram uma cultura esportiva, e que a cultura deve ser pensada como um tesouro:de formas e de temas.
Reenvia assim formas partilhadas: uma frase de Moliére, uma porta da catedral, uma famosa história em quadrinhos, que qualquer um pode conhecer e reconhecer.Afinal é uma questão de saber e saber-fazer, de crenças e de valores partilhados.Para se fazer aceder atividades esportivas com um status de prática cultural, diversas estratégias foram engajadas dependentes de como aqueles que a promoveram dialogaram com a cultura legítimamente já estabelecida.
Para uns as artes maiores como a Literatura clássica, as Ciências etc, formam um ideal cultural absoluto onde qualquer outra forma de atividade que deseje ultrapassar o horizonte estabelecido deverá atuar nos termos do ideal já determinado.
Assim sendo a atividade física deve ser remanejada pela estética, "de cientificidade" segundo os princípios dominantes.Ou para ser enobrecida, deverá unir-se às formas legitimadas.

Nesta perspectiva é que Pierre de Coubertin organizou paralelamente às provas atléticas (J.O.Estocolmo- 1912) provas poéticas, artísticas que se manifestaram até 1948 lado a lado segundo Charreton, onde segundo o autor, desde 1888 havia um pensamento de "uma aliança ideal do esporte e da alta cultura".Podemos recordar que a Exposição Universal em Paris ocorreu em paralelo aos Jogos Olímpicos.
Mas entre as diversas problemáticas desenvolvidas por correntes revolucionárias (marxistas, utopistas, comunistas, socialistas, humanistas...), os envolvidos tentavam ultrapassar a velha cultura burguesa afirmando-se dentro da arte, em tentativas de fazer surgir uma cultura jovem, moderna, ativa, pragmática (mas sempre burguesa).
Alguns pensamentos em 1927, propõem a atividade física em oposição aos esportes dominantes (basebol, basquetebol), em favor do futebol, ginástica, com uma audiência de comunidades de imigrantes.
Em fins dos anos 20 e dentro da década de 30, não é mais esta questão de debate entre modelos culturais rivais, pois o lazer, malgrado o baixo poder de compra, desenvolve-se com o cinema, a danceteria, encontros esportivos das classes populares.
Ou seja, não são as estratégias de fusão(+- mágicas) e/ou confrontação( +- políticas) que se abandonam do desejo de ambição cultural para com as atividades físicas esportivas, procuram-se outros caminhos em todos os orgãos de cultura, ensino, média, e artes de massa.

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